Sociedade Canina

Adoção de cães de forma estruturada e responsável

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por Heloisa Ikeda

Fundada há 2 anos em Mogi das Cruzes, a ONG Adote Já atrai cada vez mais pessoas para suas feiras de adoção que ocorrem aos sábados na sede do Pet Shop Vira-Lata. Com a ajuda de voluntários o trabalho bem estruturado da organização contribui na diminuição do número de cachorros nas ruas da cidade. Confira a entrevista com a Diretora da ONG, Mariana Jungers Calderaro Nahum: 


Sociedade Alternativa: Desde quando acontece a feira de adoção? Onde é realizada?

Mariana Jungers: Nós fazemos a feira há 2 anos. O serviço de adoção acontece já há mais de 10 anos. Mas a feira nós temos há dois anos. Ela sempre aconteceu aqui na sede do Vira-Lata Pet Shop que fica na rua Duarte de Freitas, 246.

S.A.: Como surgiu a idéia de criar a ONG Adote já?

M.J.: A nossa presidente já recolhia animais de rua, e já doava esses animais. Então surgiu a necessidade de ter algo mais formalizado, que inclusive facilita o processo de adoção, que consegue controlar melhor essas adoções. Pensar melhor em como esse animalzinho vai chegar naquela família, se a família está preparada pra receber. Então com a ONG a gente consegue estruturar isso de uma forma mais responsável.

S.A.: Quais são os requisitos para adotar um cão?

M.J.: Tem que ser maior de idade, a pessoa tem que trazer um documento. Pois ela irá preencher um termo onde se responsabiliza por esse animal. Cuidados veterinários, não deixá-lo na rua, não abandonar, não permitir que ele sofra nenhum tipo de violência. Tudo isso esta no nosso termo de doação. E pessoas com deficiência mental, ou pessoas alcoolizadas também não podem adotar o animal, a pessoa tem que estar sã, sóbria e responsável. Para assinar esse termo se responsabilizando por toda a vida desse animal, pelos 15, 20 anos que ele viver.

S.A.: Qual a importância e as vantagens de se adotar um cachorro, em vez de comprar um?

M.J.: O cachorrinho comprado ou adotado vai dar o mesmo amor, o mesmo carinho pra pessoa. É um ato de solidariedade. Você está tirando um animal que estaria na rua sofrendo e dando um lar a ele. Em troca ele vai te dar o que qualquer cachorro vai dar. Seja pra guarda, pra proteger a casa. A pessoa já adota de acordo com o porte desejado. Pra companhia, pra guarda, pra acompanhar o idoso, criança. Tudo isso é perguntado na hora da adoção. E a pessoa levando o animalzinho, esta salvando a vida daquele um animal e esse animal vai dar os mesmos benefícios do cão comprado, não tem diferença.

S.A.: Quantos cães já foram encaminhados para serem adotados aqui na feira? E quantos em média vocês recebem por semana?

M.J.: Nós fizemos um levantamento a pouco tempo. No ultimo ano nós doamos 1511 cães. Em média por semana a gente tem uma demanda de 40, 60 cães.

S.A.: Toda semana são cachorros novos que ficam para adoção? O que é feito com os que não são adotados?

M.J.: Os cães antigos que estavam pra adoção e não foram adotados, eles voltam para feira. Então os animais que estão conosco ficam ou aqui na sede da ONG ou em lar temporário, de alguns voluntários que se disponibilizam a cuidar desse animal durante a semana pra trazer ele novamente na outra feira. Os cães que estão em nosso poder jamais voltam pra rua. Eles vão ficar com a gente até serem doados. Se isso vai levar 1 dia, ou 5 anos não importa, os animais estão sob nossa posse e a gente vai cuidar deles.

S.A.: Os cães recolhidos pela ONG recebem algum tipo de acompanhamento veterinário?

M.J.: Os cães que estão em nossa posse, têm todo o tratamento necessário. Não importa o quanto isso custe. Então eles têm desde consultas veterinárias, vacinação, vermifugação, tudo que o animal precisar no período em que ele estiver com a gente ele vai receber. Se o animalzinho teve alguma doença e precisar de uma cirurgia, ou a gente resgatar atropelado com fratura, e precisar operar, tudo isso é feito pela ONG. O animal aqui tem todo tratamento necessário.


S.A.: Houve algum caso de devolução?

M.J.: Houve. A gente tem uma porcentagem muito pequena, de uns 5% dos animais adotados que voltam pra gente. Então nós cuidamos novamente dele até que ele seja novamente adotado. Não é tão freqüente, mas acontece.

S.A.: Existe algum acompanhamento pra saber se os donos estão tratando bem dos cachorros que foram adotados?

M.J.: Existe sim. Nós fiscalizamos. Dos cães que nós recolhemos, somos nós mesmos que fazemos esse acompanhamento. Ligando para pessoa pra saber como o cão está. Para saber se ele realmente se adaptou a família, se ele está se sentindo bem, se a família se adaptou a ele. Infelizmente a gente não faz tudo o que a gente pode no sentido de fiscalizar e acompanhar as adoções, porque falta material humano mesmo. Falta um número de pessoas suficiente pra ligar e visitar essas casas. E todos os cães doados pela ONG que vem pra feirinha e são de outros proprietários, a gente orienta pra que as pessoas também fazerem esse acompanhamento.

S.A.: Quais são as principais despesas da ONG? Vocês aceitam doações de voluntários?

M.J.: Cuidados veterinários desde tratamentos com remédio até cirurgias, alimentação, manutenção dos animais, castração, vacinação. Ou seja, tudo que o animal precisa. Nós aceitamos doações sim, elas são sempre muito bem vindas. E a gente aceita também parceria com médicos veterinários que queiram ajudar, por exemplo, com castrações ou consultas gratuitas. E aceitamos também o trabalho de voluntários. Tanto na feira de adoção, como no acompanhamento por telefone após as adoções.

S.A.: Fale um pouco sobre o programa que vocês têm na TV?

M.J.: O programa na TV ajuda muito no sentido de divulgar o trabalho e conseguir doar mais cães. Claro que também serve para orientar a população sobre a posse responsável e entreter também. A gente sabe que hoje em dia os animais estão na mídia e as pessoas gostam de ver programas sobre animais. Mas a nossa principal intenção é divulgar os animais que estão pra adoção. Pra que a gente consiga encaminhá-los pra bons lares.

S.A.: Em que condições se encontram os animais que estão em exposição?

M.J.: Os animais prontos pra adoção eles estão saudáveis. Por exemplo, se animal chegou com alguma doença de pele, algum problema, ele vai ser tratado antes de ser colocado pra adoção. E a partir do momento que esse animal está exposto, ele está saudável, vermifugado e de banho tomado. Quando ele é adotado a gente coloca laçinho, perfuma. Esse animal vai pra casa prontinho, bonitinho como se ele tivesse saído de um pet shop ou de uma venda de um animal. Nossos animais saem do mesmo jeito, às vezes até melhor.

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