Sociedade Canina

Libertação Animal

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Reprodução
por Juliana Barbosa

Lançado em 1975, de autoria de Peter Singer, o livro “Libertação Animal” causou polêmica ao lançar a idéia em defesa dos animais. A obra relata algumas das crueldades às quais os animais são submetidos, como a matança que porcos, frangos e vacas sofrem para virar alimento. Ou o caso de macacos e hamsters são utilizados em testes de produtos farmacêuticos e experimentos científicos, bem como mostra os animais silvestres, como raposas, que são capturados para terem a pele retirada e usada em roupas.

A ousadia do autor ajudou a construir material indispensável para os que lutam por essa causa. O prefácio desta terceira edição amplia a idéia das vitórias conquistadas pelo movimento de proteção animal através do tempo e os novos obstáculos a serem vencidos. Além disso, a edição traz um apêndice fotográfico com retratos do descaso sofrido por animais em diversas situações diferentes.

Em seu primeiro capítulo Singer inicia o livro com uma explicação do porquê os animais merecem ser respeitados e tratados com igual consideração a qualquer ser humano. Apelando para questões éticas e filosóficas o autor consegue através de exemplos e argumentações elucidar a questão com bastante autoridade no assunto.

Nos dois capítulos seguintes, Singer relata os abusos sofridos por diversos animais (cachorros, gatos, ratos, animais silvestres...) em experimentos científicos e as condições que galinhas e frangos são criados em granjas industriais para botarem mais, ou para que sua carne fique mais macia e consumível. São relatos fortes, que abalam os que ignoram este doloroso processo pelo qual os animais passam antes de chegarem às prateleiras dos supermercados. Singer também ressalta que muitos experimentos realizados com os animais são pagos com os impostos da população, e que esta muitas vezes não conhecem as formas de como o dinheiro é utilizado, muito menos o sofrimento a que esses animais são impostos.

Após expor ao leitor os processos que os animais sofrem para chegar à mesa dos consumidores —por exemplo imobilidade e acentuadas doses alimentares— o autor propõe o vegetarianismo como solução para que o sofrimento desses animais seja extinto. Nesse capítulo ele explica como se tornar um vegetariano, ou outras possíveis saídas para que não se precise mais submeter os animais a nenhum tipo de sofrimento. Já no quinto capítulo o livro traz uma breve história do especismo. Como explica o autor, para conseguir entender de onde vem essa suposta superioridade do homem sobre os animais antes de tudo é necessário conhecer de onde ela surgiu.

O sexto e último capítulo complementa contando a história do Especismo nos dias atuais. Ou seja, quais as defesas, razões e objeções que aqueles que são contra os Direitos dos Animais usam atualmente para defender a sua causa. Em contrapartida, o autor faz a sua objeção a essas defesas e elucida o seu ponto de vista a favor da Libertação Animal.

Mas o livro não para por aí. Pode se ver nos apêndices uma lista de livros relacionados ao assunto para os interessados pelo movimento, uma relação com diversas organizações espalhadas pelo mundo que lutam em defesas dos animais, o apêndice fotográfico, e um guia completo de como se viver sem proporcionar mais dor e sofrimento a nenhum animal.

“Libertação Animal” tem um texto leve, conciso e de fácil leitura. O autor trabalha com exemplos de fácil entendimento pelo leitor, além do uso de uma extensa bibliografia para embasar sua idéia. Porém, o seu maior trunfo é a reflexão que sugere ao leitor. Pensar na maneira em como vemos os animais, e questionar a forma como os tratamos deveria ser uma prática comum em nossa sociedade. Propor que as pessoas parem e pensem em como educamos os nossos filhos, ou em nossas próprias ações em relação aos animais, sejam de estimação ou não, pode parecer pouco, mas já é um grande passo.



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